“Foi a minha primeira e última também”, diz campeã da Maratona de Santa Maria após suspensão por doping

“Foi a minha primeira e última também”, diz campeã da Maratona de Santa Maria após suspensão por doping

Foto: Vinicius Becker

Segundo Marisa, o uso da substância era atrelado ao seu processo de emagrecimento

A campeã da 3ª Maratona de Santa Maria, Marisa Rocha Oliveira, 35 anos, falou pela primeira vez após ser suspensa provisoriamente por doping. A atleta, que testou positivo para oxandrolona e metabólitos associados ao esteroide anabolizante, afirmou que a substância fazia parte do seu processo de perda de peso e que desconhecia que ela era proibida pelas regras antidopagem.

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Natural de Porto Lucena e trabalhadora autônoma como faxineira, Marisa disse que começou a correr em rústicas neste ano e que a Maratona de Santa Maria foi sua primeira prova de longa distância. Segundo ela, o uso da substância não tinha relação com desempenho esportivo.

– Eu gostava de correr, eu sou uma atleta amadora. Eu comecei no esporte porque é bom para a perda de peso. De repente, comecei a participar de rústicas e eu acabei gostando. Mas não é assim só tomar (a substância). Tu tem que treinar, ter uma dedicação. Eu praticamente vivi esse ano para o esporte – relatou a corredora.

Marisa também relatou ter ficado surpresa com a vitória em Santa Maria. Em sua primeira maratona, a gaúcha terminou a prova de 42km em 3h12min47s, cerca de dois minutos mais rápida que a segunda colocada, Sandra Mara Bortoli.

– Eu fui para me desafiar. Todo mundo tem um sonho de fazer maratona, era um sonho meu. Estranhei (vencer a Maratona) porque eu achei que ia ficar em 50. E eu sabia que tinha dinheiro, mas eu nunca imaginei que eu ia ficar em primeiro, porque todas as maratonistas que eu conheço são muito boas – contou Marisa.


"Não vou fugir"

Ela também conta que foi no momento do exame antidoping, quando questionada sobre uso de medicamentos ou substâncias, que descobriu que oxandrolona era proibida.

– Pensei "eu não vou fugir". Não me recusei em fazer o teste, eu não sabia (que era uma substância proibida). Me perguntaram se eu tomava algo e eu falei que tomaxa oxandrolona. Eles já falaram que tinha substância química, mas eu fiz o exame. Tem coisas que tu tem que arcar com as consequências e pronto. A única coisa que eu acho é que eles não deveriam fazer em amador. Porque eu sou amadora, eu não sou uma atleta, mas paciência – afirmou Marisa.

A atleta diz ter sido orientada pela ABCD sobre o direito de solicitar a análise da amostra B, mas informou que não pretende fazê-lo.

– Eu recebi esse e-mail (de orientação), mas porque vou solicitar uma segunda? Se mostra que eu tomo oxandrolona, vai dar o mesmo resultado. Eu respondi o e-mail falando exatamente isso – afirmou. 

Ela afirma que seguirá treinando, mas que não voltará a competir após cumprir a punição, que, segundo foi informada, deve ser de três anos.

– Eu vou continuar treinando igual, só não vou poder competir. Me falaram que eu não vou poder nem assistir mais. Era meu sonho fazer uma maratona, mas foi minha primeira e minha última também. Mas valeu, eu me diverti, senti dor, chorei. Foi algo bem legal – avaliou.


O que diz a ABCD

De acordo com a ABCD, a amostra coletada durante a prova retornou resultado positivo para oxandrolona e cinco metabólitos associados ao mesmo esteroide anabolizante. As substâncias estão na Lista de Proibidas da Agência Mundial Antidopagem (Wada) na categoria de agentes anabolizantes, proibidos em qualquer período, dentro ou fora de competição. 

Atletas suspensos não podem competir nem participar de atividades organizadas por entidades esportivas nacionais ou internacionais.

Substâncias proibidas encontradas:

• Oxandrolona
• Epioxandrolone (metabólito da oxandrolona)
• 17β-hydroxymethyl-17α-methyl-18-nor-2-oxa-5α-androst-13-en-3-one (metabólito da oxandrolona)
• 17α-hydroxymethyl-17β-methyl-18-nor-2-oxa-5α-androst-13-en-3-one (metabólito da oxandrolona)
• Noroxandrolone (5α)-17,17-dimethyl-18-nor-2-oxaandrost-13-en-3-one (metabólito da oxandrolona)


Repercussão

O secretário de Esporte e Lazer de Santa Maria, Gilvan Ribeiro, afirmou estar acompanhando o caso junto aos órgãos competentes.

– O fato, se comprovado, só confirma a importância de exames antidopings em eventos do tamanho da Maratona de Santa Maria, que é a única competição da cidade com esse sistema. Temos de ter processos de controle para tornar o esporte o mais justo possível para todos os participantes, tornando o evento respeitado em nível nacional e internacional.

Até o momento, em razão do caráter provisório da suspensão, detalhes sobre quem ficará com o título e o destino da premiação ainda não foram divulgados.


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